És Minha
Olho para a folha branca desejando poder descobrir dentro de mim todas as palavras que possam dizer o que sinto, o que penso, o que quero. Todos os sentimentos e emoções que não consigo organizar em pensamento, mas que conheço intrinsecamente em sensações. Pequenas reacções químicas cujo significado o meu cérebro rejeita, mas que o meu subconsciente devora... Estas reacções químicas escondem-se dentro de mim, preenchendo-me e sussurrando-me ao ouvido as minhas verdades que eu não quero ouvir, toda a verdade que eu desejo esquecer, todas as razões que me recuso a ver, todo o Mundo que me come e devora, mastigando-me e saboreando-me lentamente, testando assim os meus limites... As minhas forças, os pontos fracos, os meus altos, os meus baixos, eu...
Quero agarrar neste Mundo e devorá-lo. Quero espetar-lhe as unhas pela carne e arrancar-lhe a traqueia, quero sentar-me em cima dele como uma amante e partir-lhe as omoplatas, quero esventrar este Mundo e regalar-me com as suas vísceras, quero desmembrar este Mundo e espalhar os seus membros pelo Mundo real, quero gritar-lhe aos ouvidos até sentir o toque fino e agudo da surdez, clamando a minha independência, implorando-lhe que me liberte, implorando-lhe que nunca me abandone, implorando-lhe mais paciência, mais capacidade, mais talento, mais inteligência, mais amor, mais tudo e nada... Implorando-lhe que seja eu, implorando-lhe que me deixe ser aquilo que sou... Implorando a berrando e lutando comigo própria por mim. Pego na faca e penso o quanto fácil não seria acabar com aquele pulsar de vida rapidamente e no prazer que me daria o sangue a escorrer-me pela carne... O orgasmo que provocaria a dor duma facada.. Sangue, morte... Dor... Apetece-me morder a língua do meu Mundo, durante um beijo desesperado, para sentir o sabor férreo do sangue na minha boca, para sugar a essência vital daquela outra eu e para a fundir a mim. Apetece-me agarrar naquela outra que sou eu, levá-la para a cama e fornicá-la violentamente, para mostrar que sou eu que a possuo e não ela que me possui a mim.
"Ama-me!" quero gritar-lhe aos ouvidos... Apetece-me bater-lhe, apetece-me descarregar em cima dela toda a raiva acumulada durante anos, todo o embaraço provocado pela vergonha, todas as vezes em que ela me deixou mal, todas as vezes em que ela me abandonou, todas as vezes em que ela esteve comigo!
Todo o turbilhão de emoções que é tudo e não é nada, numa sucessiva combinações de sentimentos emaranhados e confusos, claros e precisos, tudo e nada, nada e tudo.. Ama-me Foda-se! Tu que sabes tudo, tu a quem nada posso esconder... Caralho amo-te e odeio-te tão intensamente... Não tens o direito de me preencher assim.
No fim retiro a folha do papel e olho fixamente em frente, enquanto roo o lápiz sensualmente... "Não podemos fugir daquilo que somos". E sinto o sabor do sangue na boca... Acabei de trincar a língua.
Triunfalmente sugo a minha essência vital e sussurro... "Agora és minha."
Quero agarrar neste Mundo e devorá-lo. Quero espetar-lhe as unhas pela carne e arrancar-lhe a traqueia, quero sentar-me em cima dele como uma amante e partir-lhe as omoplatas, quero esventrar este Mundo e regalar-me com as suas vísceras, quero desmembrar este Mundo e espalhar os seus membros pelo Mundo real, quero gritar-lhe aos ouvidos até sentir o toque fino e agudo da surdez, clamando a minha independência, implorando-lhe que me liberte, implorando-lhe que nunca me abandone, implorando-lhe mais paciência, mais capacidade, mais talento, mais inteligência, mais amor, mais tudo e nada... Implorando-lhe que seja eu, implorando-lhe que me deixe ser aquilo que sou... Implorando a berrando e lutando comigo própria por mim. Pego na faca e penso o quanto fácil não seria acabar com aquele pulsar de vida rapidamente e no prazer que me daria o sangue a escorrer-me pela carne... O orgasmo que provocaria a dor duma facada.. Sangue, morte... Dor... Apetece-me morder a língua do meu Mundo, durante um beijo desesperado, para sentir o sabor férreo do sangue na minha boca, para sugar a essência vital daquela outra eu e para a fundir a mim. Apetece-me agarrar naquela outra que sou eu, levá-la para a cama e fornicá-la violentamente, para mostrar que sou eu que a possuo e não ela que me possui a mim.
"Ama-me!" quero gritar-lhe aos ouvidos... Apetece-me bater-lhe, apetece-me descarregar em cima dela toda a raiva acumulada durante anos, todo o embaraço provocado pela vergonha, todas as vezes em que ela me deixou mal, todas as vezes em que ela me abandonou, todas as vezes em que ela esteve comigo!
Todo o turbilhão de emoções que é tudo e não é nada, numa sucessiva combinações de sentimentos emaranhados e confusos, claros e precisos, tudo e nada, nada e tudo.. Ama-me Foda-se! Tu que sabes tudo, tu a quem nada posso esconder... Caralho amo-te e odeio-te tão intensamente... Não tens o direito de me preencher assim.
No fim retiro a folha do papel e olho fixamente em frente, enquanto roo o lápiz sensualmente... "Não podemos fugir daquilo que somos". E sinto o sabor do sangue na boca... Acabei de trincar a língua.
Triunfalmente sugo a minha essência vital e sussurro... "Agora és minha."
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